Este trabalho foi desenvolvido para as rendeiras de Renda Renascença do Cariri Paraibano e realizado em dois momentos: Programa Sebratec, através da unidade Sebrae Monteiro, e em outro momento,  dentro da Associação de Rendeiras de Monteiro por meio da Secretaria Estadual de Economia Solidária. Na primeira oficina, procurei direcionar para a criação de uma coleção onde introduzi algumas técnicas de inovação dentro do processo rendeiro. As técnicas consistiam em desenvolver a renda através da moulage, usando o corpo do manequim ou o bojo do soutien, para criar  uma renda com volume, dispensando o uso de penses para promover ajustes às curvas do corpo.  Dando sequência a essa trabalho com moulage, aproveitei várias peças que as rendeiras dispunham (sobras  e peças que não deram certo ou que foram feitas por alunas das próprias rendeiras), para criar    uma nova proposta, unidas por meio de um ponto de renda resultando em novas possibilidades dento do processo criativo. Ainda dentro desse mesmo trabalho, investiguei possibilidades de tingimentos na renda, onde utilizei uma marca conhecida no mercado, que serve para tingir seda promovendo um efeito aquarelado, transparente. O processo de aplicação foi realizado com pinceis e esponjas em locais estratégicos da renda imprimindo um aspecto mais colorido, pulsante. Algumas rendeiras, apropriando-se rapidamente da técnica,  conseguiram tingir um vestido inteiro produzindo um efeito estonado. Ao final da primeira fase da consultoria, foi desenvolvida croquis de uma coleção cuja inspiração mangaio, surgiu de uma visita in locu ao mercado público de Monteiro, onde fotografamos diversos elementos, cores e texturas, trabalhados em cima desse tema. 


E um segundo momento, fui convidado pela Secretaria da Economia Solidária, através do Sr. Antônio Prado, coordenador da área, com o propósito de realizar outro trabalho com as rendeiras. Nesse sentido, dei continuidade ao processo aplicado na primeira consultoria, para a confecção da coleção.  Todo o processo compreendeu em agregarmos o tecido e a malha à renda, causando um aspecto contemporâneo e esportivo, desconstruindo a ideia que se tem de que a renda só pode ser utilizada em situações sociais, por carregar o estigma de sofisticação.  No sentido de quebrar esse rotulo tão sedimentado que a renda carrega, trabalhei em cima de tecidos, cambraia e malha de puro algodão; uma característica que deve ser preservada,  pois não faz sentido em confeccionar uma renda totalmente em fio de algodão e inserir um produto sintético para compor esse produto tão nobre. Busquei, então, orientar e direcionar essa ideia para as rendeiras absorverem essa proposta de trabalhar em puro algodão, ou tecidos de fibras naturais. Dando continuidade ao processo de tingimento aplicado no primeiro momento da consultoria, resgatando a sabedoria popular, procurei, desta vez, trabalhar com elementos da natureza local como: raízes, folhas, cascas, flores,  aplicando a técnica de tingimento natural. Esse trabalho resultou numa belíssima coleção que foi apresentada em um evento em Monteiro . 


 

 

 

 

 

 

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